Nem os troféus que receberam da Federação Paulista de Futebol (FPF) pelo desempenho no Estadual motivaram Rogério Ceni e Lucas a falar em meio à crise que se instalou no São Paulo. Enquanto o clube tenta acalmar os ânimos anunciando a paz e a permanência de Rivaldo e Paulo César Carpegiani, os dois principais atletas do elenco se afastam dos holofotes.
Cercado por seguranças, Lucas ignora mão estendida na primeira festa em que recebe prêmios na carreira
Sergio Barzaghi/Gazeta Press
Na noite dessa segunda-feira, Lucas, eleito a revelação no primeiro Paulistão de sua vida e como membro do meio-campo ideal do torneio, chegou como um astro. Em automóvel de luz, fez parte de uma 'carreata' que tinha também o santista Neymar e Wagner Ribeiro, empresário de ambos, e pouco olhou para jornalistas e torcedores que se espremiam nas grades.
Envolvido por mais seguranças até do que Neymar, o camisa 7 do Tricolor tinha uma garota ao seu lado e só atendeu a pedidos de um trio de humoristas do Pânico na TV, um deles vestido de Neymar. Respondeu às brincadeiras sorrindo, negando inclusive que a acompanhante da noite era sua namorada.
Após a leve entrevista, Lucas fingiu que não ouviu os insistentes pedidos por uma declaração sobre a situação do clube ou até pelo fato de, após se frustrar no sonho de ser eleito a revelação do último Campeonato Brasileiro, enfim levar troféus para casa. Entrou na casa de shows alugada para a festa até mais rápido do que Neymar.
Rogério Ceni fez o mesmo. O goleiro, que levou o prêmio de melhor na sua posição, foi o último jogador a chegar. Seguranças do São Paulo já estavam prontos para recepcioná-lo e tomar posse de seu carro para estacioná-lo. O capitão desembarcou sozinho e apressou-se, dizendo que só receberia a homenagem e iria embora antes do fim da festa.
Aos presentes, fez um curto discurso no palco. "Quero agradecer à Federação Paulista, aos meus companheiros, e parabenizar o Santos. Temos que reconhecer o trabalho destes meninos, que com todos os méritos conquistaram o título, como a melhor equipe da competição. Devemos reconhecer a vitória de nossos rivais. Ao Muricy, grande companheiro, também parabéns. Aos são-paulinos, tentaremos no ano que vem. Faremos o possível para melhorar", prometeu.
Rogério Ceni chega com esquema armado para entrar e sair rapidamente da premiação sem dar entrevistas
Sergio Barzaghi/Gazeta Press
Não havia nenhum dos principais dirigentes do clube na casa de shows. O boicote à festa promovida pela FPF é uma tradição do clube, que não esconde ser desafeto da entidade estadual, principalmente de seu presidente, Marco Polo Del Nero, inimigo declarado desde dezembro de 2008.
Rogério Ceni seguiu estritamente o exemplo de seus superiores. O último atleta a chegar foi também um dos primeiros a sair, em mobilização que obrigou um segurança a se esforçar para estacionar seu carro em um local pequeno, mas protegido por um portão de ferro, totalmente à prova do assédio ao goleiro.
O trio de humoristas, único a ouvir Lucas, passou toda a festa em frente ao portão, que não é a entrada principal da casa de shows, à espera de uma declaração do ídolo são-paulino. Foi prontamente ignorado, mesmo com um deles fantasiado de Muricy Ramalho, ex-treinador e declarado amigo do arqueiro.
Ao entrar no veículo, Rogério Ceni só teve paciência para esperar que eles e os jornalistas que o aguardavam se afastassem para ele poder dirigir seu carro para longe da festa. O capitão e atleta que há mais tempo trabalha no Tricolor apenas se manifestou sobre a situação atual do time em Florianópolis, depois da derrota por 3 a 1 para o Avaí.