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quarta-feira, 22 de junho de 2011

PELÉ NEGA FAVORITISMO, MAS VÊ SANTOS COM MAIS CHANCES DE VENCER

Pelé não considera Santos favorito, mas vê Peixe com mais chances de vitória nesta quarta

Sergio Barzaghi/Gazeta Press

Bicampeão da Copa Libertadores pelo Santos, Pelé negou que a equipe brasileira seja favorita no duelo com o Peñarol pelo título da competição continental, nesta quarta-feira, no Pacaembu. O ex-jogador, no entanto, vê seu time do coração com mais chances de vencer a partida e ficar com o troféu, que não é conquistado desde 1963.

"Antes da partida nunca se pode dizer que tem um favorito, principalmente quando chegam dois times como Santos e Peñarol na final. Mas entendo que o Santos tem mais chances de ganhar, porque é um time mais organizado, e o Peñarol joga de forma mais defensiva, marcando muito", explicou o ex-jogador. "Futebol tem tantas surpresas e a gente sabe que tem que respeitar muito bem o adversário", completou.

Em 1962, Pelé foi o protagonista do primeiro título do Santos na Libertadores, conquistado justamente sobre o Peñarol. Fora dos dois primeiros jogos da final, ele retornou à equipe no terceiro jogo da decisão e anotou dois gols na vitória por 3 a 0, que deu a taça ao Peixe.

"Claro que sempre é uma alegria recordar uma partida como essa. São épocas diferentes e o Peñarol da década de 60 para mim era um time mais completo, jogava mais no ataque do que esse time, que se defende muito. É um tipo diferente de jogo, como o Santos era diferente do que é hoje", afirmou o ex-jogador, que se disse mais ansioso como torcedor do que na época que defendia o time da Vila Belmiro.

"Estou sofrendo para chuchu. Quando enfrentamos o Peñarol, juro que na concentração não estava sofrendo tanto quanto sofro hoje. E essas coisas do destino a gente nunca sabe. Meu filho é agora auxiliar do Santos e isso me faz sofrer muito mais", disse.

SANTOS DUELA PELO SONHO DO TRI E CONSAGRAÇÃO DA "ERA NEYMAR"


Enfim, chegou o dia mais esperado para todos os santistas, da nova e velha geração. Há 48 anos com o grito de "campeão" da Copa Libertadores entalado na garganta, os torcedores alvinegros têm nesta quarta-feira a chance de voltar a festejar uma conquista do torneio, a terceira na história do clube. Contudo, a tarefa é árdua: derrotar o tradicional Peñarol-URU, pentacampeão do certame. Os dois times se enfrentam a partir das 21h50 (de Brasília), no Pacaembu.

"É um jogo complicado, difícil para os dois times e, se chegaram até aí, é por mérito. O Peñarol tem camisa, é bem organizado e falar em favoritismo é complicado na Libertadores. É passar um pouco da pressão para o outro time, mas não concordo com isso, os dois são tradicionais e têm chances", declarou o técnico Muricy Ramalho nesta terça, após treino no CT Rei Pelé.

A conquista, tão esperada pelo Santos, que realizou investimentos pesados e montou, inclusive, um grupo de investimentos de nome Terceira Estrela (Teisa) visando fortalecer o projeto em busca do tri, serviria para consagrar de vez a "era Neymar". O camisa 11, ídolo maior de uma geração que já venceu dois Campeonatos Paulistas e uma Copa do Brasil, entretanto, nega a alcunha e divide os holofotes com os companheiros.

"Fico muito feliz de ter alcançado tantas metas tão novo. Só que o meu foco é no grupo, nunca individual. Por isso, se formos campeões não digo que possamos chamar esse período de 'Era Neymar'. Esse é o Santos 2011. Não sou só eu quem vai ganhar se o Santos for campeão. Todos que estão aqui vão ganhar. Estamos focados em fazer o nosso melhor. O Santos está unido para conquistar essa Libertadores", declarou, com modéstia.

A verdade é que, com o protagonista Neymar e "coadjuvantes de luxo", como os meio-campistas Elano e Arouca, os laterais Léo e Danilo e os zagueiros Durval e Edu Dracena, o Santos alcançou sua quarta final de Libertadores e tem a chance de reescrever a história de 2003, quando a geração de Robinho e Diego sucumbiu na busca pelo tri ao ser derrotada na decisão pelo Boca Juniors-ARG.

Em companhia do meia Paulo Henrique Ganso - totalmente recuperado de lesão na coxa direita e que retorna ao time nesta quarta, após seis semanas de ausência -, outro pilar da nova era do futebol na Vila Belmiro, o time alvinegro nem pensa em encontrar oposição no rival desta noite. O clima entre imprensa e torcida nos últimos dias é de euforia, mas o elenco ainda procura adotar cautela, principalmente porque do outro lado encontra-se um adversário tradicional na Libertadores, que conquistou seus cinco títulos atuando longe de seus domínios.

"O Peñarol é finalista porque tem conseguido bons resultados fora de casa. Vamos tentar ganhar o título. É para isso que viemos", afirmou o técnico uruguaio Diego Aguirre, coincidentemente o autor do gol do último título do Peñarol na competição, em 1987. De fato, os uruguaios surpreenderam como visitantes e despacharam, na sequência, Internacional, Universidad Católica-CHI e Vélez Sarsfield-ARG.

Para encarar a retranca uruguaia, o técnico Muricy Ramalho aposta em uma formação mais ofensiva do que a dos últimos jogos santistas. O mais provável é que o treinador mande a campo um quarteto ofensivo formado por Ganso, Elano, Neymar e Zé Eduardo, com Arouca auxiliando o setor criativo no meio de campo e Adriano segurando os avanços do talentoso argentino Martinuccio.

O Peñarol, por sua vez, deve vir ao Pacaembu para esperar as ações ofensivas santistas com cautela. A equipe de Montevidéu marcou gol em todas suas partidas como visitante no mata-mata e surpreendeu seus rivais, que em sua maioria esperavam despachar o clube uruguaio com uma acachapante goleada - foi o que se viu no Beira-Rio quando o Inter abriu 1 a 0, nas oitavas de final, por exemplo, já que não era aguardada uma reação cisplatina depois do intervalo.

"O Peñarol tem um histórico que é muito bom fora de casa, é um time perigosíssimo. Joga fechado, é bastante experiente e isso é importante em um torneio como a Libertadores. Eles tiveram resultados bons fora de casa, passamos isso aos atletas e eles estão conscientes, será uma partida dura. A torcida vai ter que empurrar o tempo todo e vamos respeitar o Peñarol, sem mudar também nossa maneira de jogar", alertou Muricy.

A cobiçada Copa Libertadores terá continuidade nesta quarta-feira e colocará em campo sete títulos, além de uma reedição da decisão de 1962. Na ocasião, o Santos atropelou o forte Peñarol e consagrou-se com a primeira taça continental do futebol brasileiro, primeira também da "era Pelé". Agora, 49 anos depois, é a chance da vingança uruguaia ou de um novo triunfo santista, para quem sabe eternizar a "era Neymar" e cravá-la de vez na história do futebol alvinegro e mundial.