Após emoção e "padre", Marcos se despede com aplausos e "cafezinho"
Foto: Mauro Horita/Terra
O goleiro Marcos se despediu oficialmente da carreira de jogador de futebol. Nesta quarta-feira, em evento promovido pelo Palmeiras na Academia de Futebol, o agora ex-camisa 12 foi homenageado pelo clube alviverde e deu sua última entrevista como atleta da agremiação paulista. Em dia marcado por emoção, o ídolo palmeirense deu adeus relembrando histórias de carreira e recebendo promessas de homenagens por parte do clube. Antes do fim, ele ainda se emocionou ao lembrar do pai e pediu um "cafezinho".
"A minha mãe ficou muito triste com a minha aposentadoria, mas expliquei para ela as condições e ela entendeu. Falar o quê dela? Ela queria que eu jogasse mais um tempinho, mas expliquei que estava com dor", contou Marcos. "Ela sabe que agora vou visitá-la mais e meus irmãos, e meu pai, tenho certeza, está feliz. Sempre foi uma pessoa firme e me ensinou a preservar o nome, e eu acho que eu fiz bem isso aí. Só!", definiu Marcos, emocionado e com voz de choro. "Manda um cafezinho aí", pediu na sequência ao assessor de imprensa da equipe.
Relembrar o pai foi um dos momentos mais emocionantes da entrevista de Marcos. Após dar um descanso, tomar seu café e recuperar o fôlego, o ex-goleiro ainda viu todos os presentes o aplaudirem pelo momento. Até um torcedor vestido de "padre" compareceu e roubou a cena: ele queria convidar o ídolo para participar da procissão para "São Marcos de Palestra Itália", idealizada por um grupo de torcedores que pretendem iniciar um processo de beatificação do goleiro.
"São Marcos, te convido para comparecer à procissão e convido todos os palmeirenses que querem transformá-lo em São Marcos de Palestra Itália. Será o primeiro ato do ano santo", definiu Pepe Reale, que estava vestido de padre e "invadiu" a entrevista. O torcedor é fanático pelo Palmeiras e disse participar de uma web rádio chamada "Antena Verde". Pepe ainda distribuiu panfletos para os presentes com "os 12 Mandamentos de São Marcos".
Ao longo da quase uma hora de entrevista, o goleiro relembrou histórias da carreira, como o pênalti defendido contra o Corinthians, pela Copa Libertadores de 2000, e batido pelo rival Marcelinho Carioca. "Ficava bravo na época, pois parecia que era minha única defesa. Mas depois compreendi a importância daquele momento para a história do Palmeiras", afirmou.
"Foi um jogo importante, o Corinthians era melhor na época, mas se não fosse o gol do Galeano durante a partida esse pênalti nunca ia existir e a gente ia ser eliminado. Imagine a pressão que estava por um novo Corinthians x Palmeiras, e nós tivemos pouco tempo de comemorar, pois sempre tem um próximo jogo. A alegria e satisfação foram enormes pela importância do jogo", definiu Marcos, que aproveitou para agradecer aos palmeirenses pelos 20 anos de convivência.
"Eu agradeço aos torcedores do Palmeiras por gostarem de mim. Sou um jogador de uma época diferente, o auge de qualquer atleta era ser ídolo de um time grande, principalmente para um palmeirense. Aparece um monte de gente, um monte de contrato, sou razão muitas vezes, mas também sou coração. Dinheiro nunca foi prioridade. Não digo que ganhava mal, pelo contrário, mas a prioridade foi estar perto dos meus amigos e de quem eu gostava", declarou.
Marcos deu adeus ao Palmeiras após 20 anos de clube, com diversos títulos e partidas inesquecíveis com a camisa 12 alviverde. Agora, o "São Marcos" espera que os palmeirenses nunca o esqueçam por tudo que fez pelo clube. "Cara que cria raízes em um lugar vai ser sempre lembrado. Deixei o foco em fazer minha vida no Palmeiras, de fazer as coisas que eu amava, e nunca vou me arrepender disso", disse. A torcida do Palmeiras agradece, Marcos...
Exemplo de amor à camisa no futebol moderno
A carreira de Marcos pode ser classificada como uma das mais bonitas dos últimos anos. Mesmo consagrado e objeto de desejo de grandes clubes europeus durante a trajetória dentro dos gramados, o goleiro deu um raro exemplo de "amor à camisa" no futebol moderno. O camisa 12 permaneceu os quase 20 anos de vida futebolística na mesma instituição: a Sociedade Esportiva Palmeiras.
Com a camisa alviverde, Marcos conquistou os maiores títulos da organização paulista. Campeão brasileiro nos anos de 1993 e 1994, o goleiro alcançou o auge da carreira. Em um espaço de apenas três meses, deixou o banco de reservas para se tornar um dos principais responsáveis pelo título inédito da Copa Libertadores da América de 1999, a maior glória obtida pelo Palmeiras até hoje.
Já tratado como ídolo, Marcos conquistou ainda mais a torcida na edição seguinte da competição sul-americana. Embora tenha passado por um péssimo momento de pressão, após falhar na decisão do Mundial de 1999 (não conseguiu interceptar um cruzamento de Ryan Giggs, que resultou no gol do título do Manchester United, marcado por Roy Keane), o goleiro se tornou símbolo da vitoriosa geração alviverde ao novamente impedir o arquirrival Corinthians de seguir no torneio.
Na semifinal, Marcos defendeu o pênalti cobrado por Marcelinho Carioca, principal ídolo corintiano na época, e classificou o Palmeiras à decisão da Libertadores de 2000 - competição na qual o time acabou como vice-campeão.
Ídolo consolidado dentro do clube, Marcos atingiu o Brasil inteiro em 2002. Goleiro de confiança do técnico Luiz Felipe Scolari, o representante palmeirense vestiu a camisa 1 da Seleção Brasileira e teve participação fundamental na conquista do pentacampeonato, especialmente na decisão contra a Alemanha.
As grandes atuações despertaram o interesse europeu. O Arsenal, depois de conhecer o goleiro palmeirense na Copa do Mundo do Japão e da Coreia do Sul, buscou a contratação de Marcos. Entretanto, na contramão do futebol moderno de negócios, o jogador rejeitou a proposta e seguiu na instituição alviverde, apesar do rebaixamento à Série B do Brasileiro em 2003.
Marcos passou pela pior crise da história palmeirense sem ter o respeito adquirido durante o fim da década de 90. O jogador seguiu convivendo com lesões, alguns vexames (como a goleada de 7 a 2 para o Vitória, pela Copa do Brasil de 2003, no Palestra Itália) e grandes atuações. O último título conquistado pelo camisa 12 no único clube da carreira foi o Campeonato Paulista de 2008.
FICHA TÉCNICA
Nome: Marcos Roberto Silveira Reis
Posição: Goleiro
Cidade de nascimento: Oriente (SP)
Nascimento: 4 de agosto de 1973
Altura: 1,93 m
Camisa preferida: 12
Jogos pelo Palmeiras: 530
Jogos pela Seleção Brasileira: 29
Clubes: Palmeiras
Títulos: Campeonato Brasileiro (1993 e 1994); Campeonato Paulista (1994, 1996 e 2008); Copa do Brasil (1998); Copa Mercosul (1998); Copa Libertadores (1999); Torneio Rio-São Paulo (2000); Copa dos Campeões (2000); Campeonato Brasileiro Série B (2003).
Pela Seleção: Copa América (1999); Copa do Mundo (2002) e Copa das Confederações (2005)
FONTE: www.terra.com.br
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